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Saúde

Autocontrole é sinônimo de força de vontade?

por Nathália Ferreira Siqueira em 08/10/2018 Imagem: Freepik
No senso comum, o termo autocontrole geralmente está associado a força de vontade, ter um poder interior, ser capaz de resistir a tentações, ser emocionalmente forte, como se existisse um agente interno (ou um botão que podemos acionar) capaz de controlar os acontecimentos.

Mas do ponto de vista científico, não é bem assim que acontece. Para a análise do comportamento,  que é uma das abordagens da Psicologia, esse agente interno não existe, o que existe são variáveis ambientais das quais o comportamento de autocontrole é função. E o que isso significa? Que o comportamento de autocontrole deve ser analisado por meio da análise da relação do comportamento do indivíduo com as variáveis do ambiente.

O comportamento de autocontrole está diretamente relacionado a uma escolha de respostas concorrentes, e vai ser caracterizado como aquele decorrente de contingências conflitantes, nas quais o indivíduo tenha que escolher entre duas respostas que têm diferentes consequências, a curto prazo e a longo prazo.

O autocontrole trata na verdade de ESCOLHAS! Escolhas racionais ou automáticas. Trata-se de escolher entre um reforço mais imediato, mas de menor magnitude, e um reforço menos imediato (ou mais atrasado) mas de maior magnitude.

Então como controlar nosso próprio comportamento? Manipulando as variáveis das quais o comportamento é função, mas, como? Através do autoconhecimento!

Primeiro atentarmos ao nosso próprio comportamento possibilitando a identificação das variáveis que os controlam. Passamos a nos conhecer. Depois manipulamos essas variáveis. Pense naquele comportamento que você quer mudar: Quando e onde ele ocorre? (antecedente). Como você se comporta? Com que frequência este comportamento ocorre? (resposta). O que acontece em seguida? (consequência). Resumindo: o que será que controla este comportamento?

Por exemplo, em um planejamento de uma dieta, o indivíduo manipula a sua privação e saciação, comendo em casa antes de ir ao supermercado, de forma a diminuir a probabilidade de comprar alimentos calóricos. Fazer uma lista do que deve comprar para diminuir a probabilidade de passar na frente de setores de comida que não necessita e abastecer a sua dispensa apenas com alimentos saudáveis, que diminui a probabilidade de se ingerir alimentos calóricos.
 
 “[…] O autoconhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa que se tornou consciente de si mesma por meio de perguntas que lhe foram feitas está em melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento” (Skinner, 2006, p.31).
 
A psicoterapia promove o autoconhecimento a partir de perguntas que nos faz nos atentarmos aos nossos próprios comportamentos identificando as variáveis que nos controlam.
 
Skinner, B.F. (2000). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes.
Skinner, B. F. (1978). O Comportamento Verbal. São Paulo: Cultrix.
Skinner, B. F. (2006). Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix.
 
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